sábado, 1 de outubro de 2011

Em poucas palavras



Hoje

Apaguei

Esqueci

Rompi

Desliguei

Acabei

Deletei

Aprendi

E também

Decidi

Arriscar

Perdoar

Recomeçar

Acreditar

domingo, 11 de setembro de 2011

Mamãe fera


Todos os dias ela liga pra saber se já levei as crianças na escola, se já fiz aquela receita que ela me ensinou. Depois de horas de ligação, eu tento desligar, mas mamãe é muito detalhista e tem sempre uma história pra contar....muitas. Algumas são engraçadas, outras tristes e outras ela conta só pra dizer o quanto se orgulha de nós. Tem umas que são de brigas, outras de amor. Mas as histórias são ótimas. O suficiente pra escrever um livro ou dois.  Histórias de médico, de professor. Minha mãe já fez de tudo. Ela já discutiu com o médico porque o remédio não adiantava de nada e eu não melhorava, mandou o médico estudar mais porque ela ia me tratar com as receitas caseiras, e o pior é que deu certo. Fiquei curada e mamãe se formou em medicina. Ela também já discutiu com a professora porque achava a matéria fácil demais e filho dela tinha que estudar muito e o dever era pouco. O resultado é que todos seus filhos são formados e bem empregados, mamãe nunca se descuidou, podia tirar diploma de pedagoga. Mamãe também já brigou com a freira do colégio que eu estudava, também brigou com vizinhos pra nos defender.  E com o tempo ela foi ficando uma fera indomável. Éramos três filhotes. A gente tinha um certo medo de contar pra ela nossos conflitos. Quando crescemos, ela passou a brigar com nossos namorados, tudo para nos defender. Lembro do dia que ela mandou meu namorado embora, se não chamava a polícia. Mamãe sempre foi uma hipérbole viva. No trabalho, bem...ela nunca foi, senão....Mas com o tempo as histórias foram se justificando. Nós crescemos e hoje estamos aprendendo a ser mães fera como ela foi. Amor que transborda e luta pela felicidade dos filhos.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Oração do filho



Pai, tenha paciência comigo
Assim como Deus tem contigo
Pai, perdoa minhas travessuras
Assim como Deus perdoa os teus vícios
Não me abandone a própria sorte.
Ensina-me o caminho.
Guarda-me dos perigos
Proteja-me dos inimigos
Ampara-me na dor.
Cubra-me com teu amor.
Hoje e sempre sê meu amigo.
                                        Patrícia Simone

sexta-feira, 2 de julho de 2010

outono

O outono

Nesses dias, tenho me encontrado em pleno outono. Eu sinto a troca das antigas folhas que cobriam os sentimentos escondidos cá dentro. Antigamente era mais fácil sublimar, mas no outono tudo fica desnudo, é um ciclo inevitável da vida jogar fora o que já deu o que tinha que dar....
Parece que esse outono vai dar o que falar. Eu tinha uma certeza de que ia encontrar um amor no verão passado, alegria mágica dos dias quentes foi embora e não aconteceu o amor. Ah...de novo ele, sempre o amor. O amor carece... Numa vida tão corrida, cheia de problemas, em meio à depressão que se instala em virtude das dificuldades que não consigo dar conta, amar me parece um lindo sonho antídoto ao tédio, ao caos. É isso me dou conta, nesse outono, que me transformei numa administradora bem sucedida do caos...
Briga com os filhos, batida de carro, traição de namorado, sexo sem amor, conta negativa no banco, trabalhos intermináveis, engarrafamento, choro, cansaço, dor nas costas em meio ao caos uma esperanças contida de amor. Talvez por isso você começa a sonhar com uma pontinha de céu na sua vida que pudesse balancear com afeto essa vida maluca.
Enganos. O amor precisa de espaço, de tempo, de suavidade, talvez por isso ele nunca aconteça, sei lá. Só sei que depois desse outono, nada será como antes, porque antes não percebia que esse pedaço de céu dentro da vida é um desejo que tudo, enfim, melhore: as brigas, o trabalho , a vida. O desejo de amar é também o desejo de viver bem, independente se seremos felizes para sempre ou não.

domingo, 16 de maio de 2010

às vezes

Às vezes , penso que te amo
Teus encantos e sinais
A saudade ...a falta que você faz.
Tua presença tão intensa
Me desvela, me desnuda
Como embriaguez tão profunda
Penso assim que te amo

Às vezes, também te renego
Tua indiferença, inconstância
A falta de sentido
Vício, choro, precipício...
Incoerente em minha entrega
Mesmo sendo tua
Nego-te ...
Feito vacina

Às vezes, eu te desejo
Quase sempre
Tão belo, louro, inquieto
Ereto, gostoso,
Chega e me alucina
Esqueço que te amo
Esqueço que te nego
E Sempre te quero

Às vezes, é pouco pra mim

Poema autobiográfico

Sabendo-se pequena, fez se grande.
Sabendo-se imperfeita, fez-se compreensiva,
Sabendo-se pobre, fez-se rica
Sabendo-se romântica, fez-se realista.

E de tanto lutar contra as intempéries da vida
Essa menina, fez-se mulher.
Hoje sou Patrícia.

domingo, 25 de abril de 2010

Todo homem tem uma mala de ferramentas

Não sou muito adepta de teorias biologizantes para tentar explicar as diferenças socioculturais entre os sexos. Mas depois de alguns anos militando no movimento feminista, entre pregos tortos e pneus nunca trocados, cheguei a uma certeza: “ todo homem tem uma mala de ferramentas”.

Estava chegando do trabalho, exausta quando acontece o momento fatídico de toda feminista, aquela situação constrangedora “meu pneu furou”. È certo que minhas amigas diriam “liga para o reboque”, mulher independente não cai do salto... não precisamos deles nem nessa hora...” Claro, poderia ter ligado, mas o cavalheiro do outro lado da rua foi mais rápido em me abordar do que o tempo que levei para encontrar o celular na bolsa e antes que eu ligasse, rapidamente se ofereceu para trocar o pneu de meu carro.

Sentimentos ufanistas a parte, eu aceitei, aliviada, confesso. E logo percebi o óbvio, eu não estava preparada para aquela situação. O cavalheiro me perguntou com a cara mais deslavada, parecia me afrontar “onde está a chave de rodas?” Bem, eu não esperava tamanho atrevimento e tentei manter a pose, mas o moço insistiu “você não tem chave de roda!” Nesse momento, eu precisei ser humilde e admitir minhas limitações mecânicas, elétricas e funilíricas...sei lá.

Já decepcionada comigo mesma, e um tanto desconcertada sem saber se entrava num curso rápido desses de mecânica, embora o problema fosse só um pneu furado ou se ligava mesmo para o reboque, tentando me consolar do inconsolável, o bondoso rapaz surge com a solução” vou pegar no meu carro uma chave ..pera aí. Perei. Num instante, eis que surge a minha frente uma mala de ferramentas dessas de três compartimentos com parafusos e chaves de todos os tamanhos e cores. E sem querer ser bisbilhoteira, comecei a imaginar aquele universo tão masculino entre porcas, parafusos, chaves...Cheguei a pensar que o rapaz fosse mecânico e “hum...será do tipo que coloca pregos na estrada e fica esperando a vítima passar?eu estaria caindo numa armadilha?” Nada disso. Mala de ferramentas é coisa da espécie macho mesmo.

Enquanto o homem trocava o pneu, me lembrei do meu advogado contando que seu casamento ia mal, quando um dia ele resolveu tomar uma atitude de homem e saiu consertando tudo em casa, depois que sua esposa jogou na sua cara “essa casa parece que não tem homem, é vaso entupido, bica vazando...” Ele sentiu uma humilhação profunda... Anos de estudo, dedicação... Não o habilitaram para consertar uma bica pingando? Não há casamento que resista a isso! Ele tomou coragem e assumiu seu papel de macho da casa... Está casado até hoje, ainda bem.

Meu pai também era assim, consertava tudo e até fazia pequenas adaptações com canos e torneiras, mamãe nunca teve do que se queixar...bem, saudosismos a parte, olhando para aquele homem,comecei a entender melhor o universo masculino, consertar uma bica, trocar um pneu faz parte de um tipo de exibicionismo do macho. Eles se sentem cavalheiros templários guerreando para acalmar princesas desesperadas e frágeis...Traz um tipo de satisfação para o homem saber que elas não podem tudo!!!haha E eu estou aqui e vou lembrá-la disso....

Gracinhas de lado a parte, ofereci pelo serviço uma gorjeta, mas educadamente o homem recusou e ainda me fez a corte. Nada é gratuito. O fato é que todo homem tem uma mala de ferramentas que possa socorrer uma mulher! Quanto maior ela for, mais revela a sua suscetibilidade para impressioná-la, praticamente uma arte de seduzir uma dama, e também de entender o que vai no oculto da alma de uma feminista.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Escrever...

Escrever é um hábito, que se adquire como todo hábito: pelo exercício. À medida que exercitamos, adquirimos prática e gosto. Enganam-se aqueles que pensam que o texto é fruto de inspiração, o texto é sempre o resultado de leitura e exercício e isso leva tempo...tempo...tempo. Eis o problema: em um mundo tão acelerado e êfemero, escrever é um ato de resistência.
Quando me tornei professora de língua materna, eu tinha um objetivo em mente: tentar despertar o escritor que há em cada um de meus alunos.
Com o tempo, percebi quão dura poderia ser essa tarefa, porque tem gente que não tem o que dizer. Esses perderam o sentido de tudo, não sabem o que fazem nesse mundo. Para esses, busco o diálogo, a interação...talvez o contato com o outro os despertem.
Tem gente que não sabe como dizer. Esses me dão muito trabalho, pois, em geral, falta-lhes prática. Costumo sugerir leituras, exercícios...Eu insisto... Sei que leva tempo...tempo...tempo...O ano passo rápido e as aulas acontecem uma vez por semana. Minha esperança é que eles entendam o recado. Os preguiçosos ficam pelo caminho... Culpam a tudo: tempo,namorado, filhos etc.
Não sei porque eles acreditam que eu nasci sabendo escrever... Vai entender aluno...
Tem gente que não quer dizer nada. Para esses, costumo trazer o debate, tentar incitá-los de alguma forma. Lembro-me do dia que uma professora me disse “eu costumo encontrar minhas alunas atrás de um balcão trabalhando como recepcionista, não aproveitam a juventude para mudar o mundo, não mudam nem a própria vida...mudar o mundo parece piada...”Aquilo me tocou de alguma forma, “eu é que não quero ser mais uma na triste estatística”
Nesses anos de magistério, aprendi que não posso professar o que não vivo ou não acredito ou não pratico.
Por isso, eu sempre relato aos meus alunos que foi pela linguagem que eu me tornei o que sou hoje. Nem tão grande como meus sonhos, nem tão pequena como o prognóstico de minha professora, não sei se por maldade ou estratégia me alertou: somos responsáveis por escrever nossa história...escrever uma história...
Podemos ser um livro em branco...
Podemos ser uma referência de vida para alguém, mas precisamos escrever essa história. Como? Não há mistério, nem dificuldade.
Para os que estão perdidos sem ter o que dizer, despertem para o diálogo. Interagindo descobrimos como as idéias vão surgindo, assim de repente.
Para os que não sabem como dizer, rabisque algo. No início é assim mesmo, escrevemos três frases e como demora, depois as palavras começam a brotar. Siga um modelo, aos poucos, introduza outras palavras, pesquise no dicionário sinônimos vá substituindo, no final terá um texto pra chamar de seu.
Ninguém sabe nada até começar a praticar, então...pratique!
Para os que nada querem dizer, sugiro repensar seu lugar nesse mundo. Está a passeio? Sem compromisso com nada? Nem com você mesmo? Reflita se não pode ser diferente, pois é preciso muita coragem pra assumirmos posições, posturas, opiniões. Mude, ainda há tempo de se reinventar.
Afinal, não sei se escrever é bom ou ruim, só sei que nada faz sentido se a gente não encontra um caminho.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Por onde andei

Por onde andei
O que até hoje encontrei
Em cada esquina, o amanhecer e o vazio
Em cada êxtase um pouco de secura
Encontrei alegrias, mas não felicidade
Encontrei paixão, mas não a serenidade
Encontrei beleza, mas não a contemplação
E fui me deixando levar, encontrando a cada dia
O que a vida oferecia
Até que me vi seqüestrado de mim
Sem saber o que procurava e o que sentia.
Entre os enganos em que eu me via
Entre os desapegos que sentia
Encontro hoje a ti e não acredito que não sejas
Como esperavas que fosses em minha fantasia
Mas como eu já não mais sabia se te encontrarias
Sem saber onde vou , Sigo em devania.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Basta

Basta saber teu primeiro nome
Porque todo o resto já entrou no meu sangue
Basta saber que eu te interesso
Porque o resto eu mesma te peço
Nem quero saber da tua vida
Quero que me cativas
Nem quero saber o que pode acontecer
Basta me querer, me ter quando quiser
Basta o que a vida nos permitir e der...

Lembranças

Encontrei o teu retrato
No fundo da gaveta
E fiquei surpresa
Como não te reconheço mais
No papel ilustrado
A minha felicidade
Que mudou
Que se perdeu
Que amadureceu
O sorriso marcado
O sorriso extinto
Nas lembranças
Que aquele retrato
retratou...

Sombra

Estou sozinha
Dentro da noite
Nem a lua
Aponta no céu
Nem o vento ruge lá fora
Estou sozinha
Andando na rua
Não enscontro um amigo
Não vejo ninguém
Não passam carros
Não vejo luz
Apenas ouço os rumores
Dos meus próprios passos
E a sombra do meu corpo
Pesado feito cruz.

Caminhos

Acolhe-me no teu leito
E não tente entender
Os caminhos que sigo
Dê-me do teu abrigo
Sê meu amigo e mais do que isso...
Estende a tua mão
Na minha direção
E vem comigo

Transparência

Vejo homens na rua
Parecem belos
Parecem cultos
Passam por mim
E depressa
Parecem vazios,
Parecem opacos
Parecem sozinhos
Desesperados
Perdidos na rua
Estão engravatados
Estão cansados
Abaixam os olhos
Sobre as lentes corretivas
E deles parecem transparecer
Apenas um gesto humano
Osacrifício do seu dia
Pelo martírio de sua vida