sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Escrever...

Escrever é um hábito, que se adquire como todo hábito: pelo exercício. À medida que exercitamos, adquirimos prática e gosto. Enganam-se aqueles que pensam que o texto é fruto de inspiração, o texto é sempre o resultado de leitura e exercício e isso leva tempo...tempo...tempo. Eis o problema: em um mundo tão acelerado e êfemero, escrever é um ato de resistência.
Quando me tornei professora de língua materna, eu tinha um objetivo em mente: tentar despertar o escritor que há em cada um de meus alunos.
Com o tempo, percebi quão dura poderia ser essa tarefa, porque tem gente que não tem o que dizer. Esses perderam o sentido de tudo, não sabem o que fazem nesse mundo. Para esses, busco o diálogo, a interação...talvez o contato com o outro os despertem.
Tem gente que não sabe como dizer. Esses me dão muito trabalho, pois, em geral, falta-lhes prática. Costumo sugerir leituras, exercícios...Eu insisto... Sei que leva tempo...tempo...tempo...O ano passo rápido e as aulas acontecem uma vez por semana. Minha esperança é que eles entendam o recado. Os preguiçosos ficam pelo caminho... Culpam a tudo: tempo,namorado, filhos etc.
Não sei porque eles acreditam que eu nasci sabendo escrever... Vai entender aluno...
Tem gente que não quer dizer nada. Para esses, costumo trazer o debate, tentar incitá-los de alguma forma. Lembro-me do dia que uma professora me disse “eu costumo encontrar minhas alunas atrás de um balcão trabalhando como recepcionista, não aproveitam a juventude para mudar o mundo, não mudam nem a própria vida...mudar o mundo parece piada...”Aquilo me tocou de alguma forma, “eu é que não quero ser mais uma na triste estatística”
Nesses anos de magistério, aprendi que não posso professar o que não vivo ou não acredito ou não pratico.
Por isso, eu sempre relato aos meus alunos que foi pela linguagem que eu me tornei o que sou hoje. Nem tão grande como meus sonhos, nem tão pequena como o prognóstico de minha professora, não sei se por maldade ou estratégia me alertou: somos responsáveis por escrever nossa história...escrever uma história...
Podemos ser um livro em branco...
Podemos ser uma referência de vida para alguém, mas precisamos escrever essa história. Como? Não há mistério, nem dificuldade.
Para os que estão perdidos sem ter o que dizer, despertem para o diálogo. Interagindo descobrimos como as idéias vão surgindo, assim de repente.
Para os que não sabem como dizer, rabisque algo. No início é assim mesmo, escrevemos três frases e como demora, depois as palavras começam a brotar. Siga um modelo, aos poucos, introduza outras palavras, pesquise no dicionário sinônimos vá substituindo, no final terá um texto pra chamar de seu.
Ninguém sabe nada até começar a praticar, então...pratique!
Para os que nada querem dizer, sugiro repensar seu lugar nesse mundo. Está a passeio? Sem compromisso com nada? Nem com você mesmo? Reflita se não pode ser diferente, pois é preciso muita coragem pra assumirmos posições, posturas, opiniões. Mude, ainda há tempo de se reinventar.
Afinal, não sei se escrever é bom ou ruim, só sei que nada faz sentido se a gente não encontra um caminho.

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